Além da UNAMA, foram premiadas a UNINASSAU Salvador e o Instituto de Ensino Superior do Sul do Maranhão por projetos de educação ecológica e empreendedorismo sustentável
A comunidade ribeirinha de Pinduri, localizada a 21 km de Santarém-PA, enfrentava sérios desafios devido à ausência de eletricidade, comunicação e infraestrutura básica. Para mudar essa realidade, um projeto inovador coordenado pelo professor Márlison Santos de Sá, do Centro Universitário da Amazônia (UNAMA), implementou um sistema de geração de energia eólica, aliando tecnologia e responsabilidade social.
Intitulado “Geração de energia eólica na comunidade Pinduri: da inovação à responsabilidade social”, o projeto foi o grande vencedor da 2ª edição do Prêmio Fernando Braga de Sustentabilidade Ambiental na Educação Superior, oferecido pela ABMES em parceria com a Edux21. Pela classificação, o Centro Universitário da Amazônia (UNAMA) irá receber R$16 mil em dinheiro.
O projeto teve início em 2019, quando alunos de Engenharia Elétrica desenvolveram uma turbina eólica com materiais alternativos. Com o tempo, a iniciativa cresceu e envolveu outros cursos como Engenharia Civil, Arquitetura, Radiologia e Odontologia, promovendo ações sociais que incluíram atendimento médico e odontológico gratuito, doação de alimentos, remédios e roupas.
A turbina eólica instalada em 2024 gerou energia suficiente para iluminação comunitária, sinalização náutica e carregamento de celulares, superando as expectativas. Com um custo total de R$ 18.257,50, o projeto abriu portas para novas iniciativas, como a futura instalação de internet via satélite.
Mais do que um avanço tecnológico, a iniciativa evidencia o papel da universidade na transformação social e ambiental, mostrando que é possível levar desenvolvimento sustentável a comunidades isoladas da Amazônia.
2º e 3º lugares também são premiados
O segundo lugar, que receberá o prêmio de R$8 mil, ficou com a UNINASSAU Salvador, que apresentou o projeto “Apecatu: Educação Ecológica, Bioeconomia e Desenvolvimento Sustentável em Harmonia com a Natureza”. Desenvolvida em parceria com a UNEB, comunidades tradicionais e movimentos sociais, a iniciativa visa promover cooperação científica, tecnológica e inovação para o desenvolvimento sustentável da Mata Atlântica e sua relação com outros biomas brasileiros.
A pesquisa busca responder como a educação pode fomentar o desenvolvimento sustentável e a preservação ambiental, defendendo-a como um direito fundamental e ferramenta essencial para a construção de uma cultura de respeito à cidadania e ao meio ambiente. A iniciativa propõe a superação do paradigma exploratório da ciência moderna, adotando um modelo bioinspirado, baseado na biomimética, nos direitos da natureza e na harmonia ecológica, alinhado aos princípios da ONU para uma educação voltada ao futuro.
Já o terceiro lugar, que vai receber R$ 4 mil, foi conquistado pelo Instituto de Ensino Superior do Sul do Maranhão, pelo projeto “Empreendedorismo em Fitocosmetologia Sustentável”. Realizado entre julho e novembro de 2022 com a turma do 5º período do curso de Estética e Cosmética da Unisulma, o projeto incentivou 21 alunas a desenvolverem kits sustentáveis a partir de produtos regionais para a comunidade do povoado Canto Grande, em Carolina-MA.
Integrando disciplinas como Fitocosmetologia, Administração e Responsabilidade Ambiental, a iniciativa envolveu a manipulação de produtos, produção de embalagens, pesquisa de mercado e apresentação dos itens à comunidade. Além de aprimorar o ensino e a adaptação da comunidade às demandas do mercado, o projeto promoveu a sustentabilidade ao utilizar ingredientes locais como alecrim, maracujá e jambu, fortalecendo a economia regional e aproximando a academia da sociedade.
Julgamento
A 2ª edição do Prêmio Fernando Braga de Sustentabilidade Ambiental na Educação Superior recebeu 132 inscrições. Dessas, foram selecionados 108 projetos, que atendiam às especificações de apresentação indicadas no regulamento da premiação. O número de projetos validados foi mais do que o dobro da edição anterior, o que demonstra o aumento da qualidade das iniciativas cadastradas no prêmio.
Além dos três finalistas, o regulamento do Prêmio prevê a indicação de uma personalidade com destaque na área de sustentabilidade ambiental. As indicações foram feitas pelas instituições participantes e estão sendo avaliadas pela ABMES e Edux21. O nome indicado será conhecido no dia 8 de abril.
Já os projetos inscritos por instituições de ensino superior foram julgados por uma banca formada por cinco jurados, que analisaram os seguintes aspectos: relevância acadêmica, social e ambiental; atualidade; originalidade e inovação; aplicação prática; e excelência na apresentação do projeto.
Veja quem fez parte da Comissão Julgadora do Prêmio:
Ciléia Pontes - Jornalista formada pela Universidade Federal do Amazonas e pós-graduada pela Universidade Católica de Brasília. Com mais de 20 anos de experiência na área, nos últimos 10 anos se dedicou na cobertura de temas socioambientais e produção de conteúdo na área de sustentabilidade.
Estevão do Nascimento Fernandes - Biólogo pela Universidade de Brasília, mestre em Botânica pela mesma Universidade e doutor em Biologia pela Universidade de Reading (Reino Unido). Possui grande interesse em botânica, divulgação científica e pesquisa, com formação em andamento como Especialista em ESG (PUC-Minas). Atualmente, ocupa a posição de Diretor de Biodiversidade no Jardim Botânico de Brasília, trabalhando nas áreas de conservação e preservação ambiental, pesquisa e sustentabilidade. Como botânico, tem experiência nas áreas da etnobotânica e conhecimentos tradicionais, óleos essenciais e compostos secundários, filogenia e evolução de plantas, curadoria de bancos de dados, bem como técnicas em biologia molecular de plantas.
Keila de Lima dos Santos – Analista Jurídica da ABMES, especialista em Direito Público. Advogada com ampla experiência em assessoria jurídica e docência no ensino superior. Possui graduação em Direito e pós-graduação em Regime Jurídico de Defesa da Ordem Jurídica, além de diversos cursos de atualização em LGPD, legislação trabalhista e licitações. Tem uma sólida carreira acadêmica, tendo lecionado Direito Processual Civil, Trabalhista e Previdenciário. Também trabalhou no Sistema S. Suas principais áreas de atuação incluem consultoria jurídica, elaboração e fiscalização de contratos, controle de riscos contratuais, produção de pareceres legais, além de participação em eventos como palestrante e produtora de conteúdo jurídico.
Mateus Griguc de Carvalho - Possui graduação em Biologia e Ciências Ambientais, com especialização em Análise Ambiental e Desenvolvimento Sustentável. Também é Mestre em Biologia pela Universidade de Brasília. Há 10 anos atua na área de educação como professor de Ciências e Biologia.
Valdemar Ottani - Consultor educacional da ABMES, diretor da Âncora Planejamento Estratégico e presidente da Comissão Julgadora do Prêmio Fernando Braga.
Sobre o Prêmio Fernando Braga
Instituído em 2023 pela Associação Brasileira de Mantenedoras de Ensino Superior (ABMES), em parceria com a EDUX21 Consultoria Educacional, o Prêmio Fernando Braga tem como objetivo reconhecer o melhor projeto de sustentabilidade ambiental realizado por instituições de educação superior (IES) participantes da Campanha da Responsabilidade Social do Ensino Superior Particular da ABMES e reconhecer o mérito de personalidades que contribuem para o desenvolvimento sustentável do Brasil.
O nome do Prêmio é uma homenagem ao jornalista, professor e empresário Fernando Braga, falecido em 2021. Carioca, com passagem pelos principais veículos de comunicação do Rio de Janeiro, teve uma vida marcada pela preocupação com a preservação do planeta e o futuro das próximas gerações. Entre outras atividades na área ambiental, dedicou-se à sensibilização das pessoas para a preservação e a recuperação ambiental, e conseguia sempre a companhia dos mais jovens nas suas jornadas de plantio de árvores.